sexta-feira, 14 de outubro de 2011

(pessoal) Ao que tudo indica: chegou o fim de mais um ciclo

Estou num hotel, na mesma cidade em que moro com meu marido. 
Por que? Porque nos desentendemos. Não de uma forma feia, com xingamentos e baixarias, mas de uma forma séria. Temos um problema que não será resolvido jamais de forma a agradar nós dois: a casa. Quem diria... uma casa conseguiu acabar com um casamento. Maldita casa...
Bem, eu tirei ontem e hoje de licença de meu trabalho, então fiquei em casa mais do que normalmente fico. E não gosto de ficar muito tempo dentro desta casa, não tem jeito. Há um ano é assim, por isso detesto meus domingos - prefiro ir trabalhar (às vezes vou) a ficar em casa. Meu marido gosta de ser servido, mas servi-lo não me incomodaria (ao contrário: daria-me prazer) não fosse a raiva que venho sentindo dele, mas por outro motivo: ele sabe que não estou bem ali, canso de falar com ele, mas ele ignora. Ele é daqueles (como a maioria dos homens) que vai empurrando a sujeira pra debaixo do tapete achando que ela vai desintegrar. Quando vai ver, já virou um monstro enorme que engole a todos. 
Antes de conhecer meu marido eu morava num apartamento no centro de minha cidade, não tinha carro e nem queria, fazia tudo a pé de um jeito simples. O apartamento era fácil de cuidar, no começo eu mesma fazia tudo, até cuidava de toda a roupa. Um ano antes de conhecer meu marido arrumei uma pessoa para me  ajudar, e que me fazia dois tipos de sopas por semana - para meu jantar. 
Conheci meu marido e decidimos morar juntos depois de um tempo. Ele queria que eu fosse morar na kitinet que ele morava. Além de ser longe do centro, e num lugar sem nenhum comércio para nos abastecer, também não iria caber nada do que eu tinha - ele achava que deveríamos alugar um destes contêiners em que se deixam as coisas lá. Vou pular esta parte, nada do que ele me sugeria fazia sentido.
Sei que ele aceitou ir morar no meu apartamento, e combinamos que seria por um tempo limitado, pois ele não gostava dali. E eu sempre entendi o lado dele. Meses depois nos casamos e começamos a procurar outro lugar para viver. Eu procurava apartamentos para alugar no centro, pois meu curso é no centro e à noite, e termina tarde. Eu queria ficar próxima do centro, já que na nossa cidade chove muito, é fria, não há lugar para estacionar carro (nesta época já estávamos com carro) e meu marido nunca vai me buscar à noite, fez isso algumas vezes em 1 ano e meio - não mais que 10 (e ele adora valorizar essas 10 vezes! sendo que o curso fica não mais que 1,2 Km de distância de casa). Então nem eu tenho como ir de carro ao curso, nem meu marido vai me buscar e de ônibus demoraria bem mais sendo que eu queria chegar em casa o mais cedo possível porque por 3-4 vezes por semana levantamos às 5h00, às vezes mais cedo. Esta é uma cidade com um dinâmica bem estranha. Por tudo isso, eu queria continuar morando no centro, perto de meu curso. Mas meu marido começou a procurar casa para alugar - além dele preferir casa, ele queria ter cachorro. Eu também prefiro casa, mas não nesta cidade, e não queria cachorro - gosto mas não tenho tempo agora para cuidar de cachorro. 
Casas aqui só fora do centro, por isso eu nao queria, além da inseguranca:  há muitos assaltos a casas aqui. Mas ele não quis apartamento de jeito nenhum. E depois inventou que queria comprar uma casa, em vez de alugar. E a quantia que dispúnhamos para financiar era quase o valor de bananas nesta cidade. Eu achava impossível que achássemos a casa, era isso que me confortava: nunca achar a casa! Mas achamos! Em 3 meses, e próxima ao centro. Eu logo vi que era um bom negócio e disse a ele que achava que deveríamos comprá-la, mas eu nunca quis morar nela, pois precisava de muita reforma. Tenho cartas e emails escritos a ele (porque é impossível conversar com ele, ele fica nervoso), mas ele insiste que eu é que quis a casa. NÃO. Eu nem sequer queria sair de meu apartamento de origem, tudo isso eu disse a ele antes de fecharmos o negócio, antes até de procurarmos um imóvel... Não acho vantagem comprar casa agora pra reformar, com a vida intensa que levamos. Tudo o que falei pra ele acontece mas ele não enxerga: eu vivo reclamando porque a casa é bem maior do que precisamos (eu disse que aquela casa iria me escravizar, e eu viveria chateada nela reclamando o que estraga qualquer relacionamento), tenho de pagar mais por uma funcionária e ainda assim trabalho pra burro nesta casa, a manutenção é cara - está dando quase o que pagávamos de aluguel SÓ DE MANUTENÇÃO. Mas quando falo isso a ele... nem vale a pena. Parei meu curso neste semestre porque estudava aos finais de semana, mas agora meus finais de semana são só pra trabalhos domésticos. E ele acha lindo ter uma doméstica em casa! Nada contra, sempre fiz meus serviços domésticos, mas se matar por uma casa de 200 m2 é outra coisa... Parar um curso que é o sonho de minha vida.. para fazer serviço doméstico?? Que marido é esse? Em contrapartida, eu disse a ele antes de acharmos imóvel para morar que queria passear com ele, viajar... Nunca fiz isso na minha vida, agora que estou podendo fazer, ganhando um pouco melhor... Mas ele não quer, nem no dia de nosso casamento (só no civil) ele não quis dormir num hotel... Nada... Até a aliança que ele me deu... isso também não quero comentar, dói demais. 
Gente... Não sei como fui cair nessa... Fora que ele não gosta de serviço doméstico, não ajuda em nada, passa os finais de semana dele estudando. E eu trabalhando... limpando, guardando, lavando roupa, preparando comida... e ficando triste. E o cara continua ali: sentado, estudando. Ele não quer uma esposa, quer uma faxineira. Juro por tudo o que vocês quiserem que é assim. Isso sem contar que tenho 1.55 m e 40 kgs, mesmo que eu quisesse meu físico não aguenta tanto.
Ele melhora em fases, mas melhora de um jeito errado: quarta-feira me levou pra jantar fora, quinta quis fazer amor (ah, também tem esta parte: fazemos menos de 1 vez por mês - ele anda muito cansado, no início eu procurava depois parei - a gente cansa de ser rejeitado ou de ter alguém transando forçado), mas hoje... tudo desandou de um tanto porque fui conversar com ele sobre sairmos para tomar chá... Quando a idéia nao parte dele, ele não aceita. Então você tem que ficar insistindo com ele, e ele faz corpo mole... eu disse que segunda iria voltar ao trabalho, gostaria de sair hoje - só um chá. Mas ele estava cansado e com dor no pescoço... Então falei pra ele (com jeito) que não gostaria de sair toda vez com ele contrariado, que achava que não deveria ser assim, sair deveria ser algo prazeroso. Ele é assim: ele me levou na churrascaria na quarta, então vai ficar falando disso por 3 meses, quando só então vai me levar pra outro lugar. Eu não quero ir a lugares caros, nem como muito, só quero sair um pouco: tomar um shopp de sexta à noite, ou tomar um sorvete, ou comer um lanche na praça, garapa com pastel... SÓ ISSO. Mas com mais freqüência, de forma que eu conseguisse sair da rotina trabalho fora, curso, trabalho doméstico. Eu passo minha vida inteira trancada em algum lugar, é de enlouquecer. Só quero me sentar numa mesa qualquer de um bar qualquer e sentir um pouco a vida, dar risada sem ter de me preocupar em servir os outros, ou preparar a comida, ou lavar a louça depois...
Não adianta. 
Continuando a briga... ele foi grosseiro, e me deu uma louca de ir visitar minha família,aproveitar o resto dos dias que tirei de licença e fugir de meu final de semana ao lado de meu marido (porque já sei como será meu final de semana: trabalho doméstico e servi-lo em suas vontades), quando estou LOUCA para passear e espairecer um pouco. Passar um final de semana com meus irmãos e mãe onde todos se ajudam e se divertem é um prêmio!
Falei com minha mãe por telefone, e no fim acabei desabafando um monte de coisa. Ainda bem que fiz perto dele, assim não falei por trás. Todo o desabafo foi em relação a vida naquela casa e o quanto ela me custa. Nesta semana cotei o valor de nossa próxima reforma: será a parte dos quartos, dos 2 banheiros, pintura e sinteco, mais guarda-roupas embutidos. Vamos ficar 3 anos pagando por isso... E essa reforma só representa 1/3 da reforma total da casa. Ou seja: na melhor das hipóteses ficaremos 8 anos pagando por reformas numa casa que me mata de trabalhar. Serão 8 anos sem passeios, sem viagens, sem diversão... fora o estresse que a reforma traz. E detalhe: toda a reforma será feita conosco dentro da casa. Nossa...
Não mereço isso.
Falei estas coisas pra minha mãe, desabafei. Tentei conversar sobre isso na quarta com meu marido, mas ele não consegue conversar sobre o assunto: disse (na quarta) que eu o estava deixado nervoso... Pois é... tudo eu que resolvo, e nem sequer conversar com ele posso.
Sei que ele ficou nervoso porque falei com minha mãe de nossos problemas. Reconheço que é chato, não foi legal, mas juro a vocês: faz um ano que tento conversar com meu marido sobre os problemas que sinto e faz 1 ano que digo a minha mãe que vivo às mil maravilhas com meu marido. Ele não é capaz de resolver nada dentro de casa, nem de dar conta de nossa relação.
Falei pra ele se ele pretendia viver 8 anos (que fossem 4) apertadíssimos de dinheiro, sem nunca sairmos, passearmos, viajarmos... tudo para usar o dinheiro na reforma... falei que não queria essa vida pra mim, não casei pra isso - pra ser uma doméstica de luxo dele enquanto ele decola com a vida dele... falei dos gastos que temos só com a manutenção da casa... sei que ele estourou, disse que daquela casa não sai... então saio eu.
Tem mais um detalhe: ganho mais que ele e praticamente 80% do dinheiro da reforma está saindo do meu bolso. Em outras palavras: estou pagando pra ser empregada e infeliz. 
Por isso digo: se meu marido se achasse um homem de sorte por me ter ao lado dele, ele acharia um jeito de mudar isso. Mas ele se acha um cara de sorte por ter aquela casa. 
Desculpe aos céus por este desabafo, ninguém merece o que escrevi aqui. 
Por tudo isso, já que não tem como falar com meu marido sobre minhas aflições e muito menos ele tem interesse em melhorar algo, decidi acabar com a relação. Espero encontrar logo um apto. para mim.
Imagino o que dá a entender de quem ler isso aqui: que meu marido tem uma amante, me usou para conseguir a casa e agora quer que eu saia para ele viver ali com ela. Vai ver é isso mesmo. Afeto comigo ele  não demonstra. Nem preocupação, nem interesse nem nada. SÓ (juro de pé junto) se preocupa com o que ele vai comer, e em ficar livre o final de semana todo para ele estudar. 

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