Estranhamente, almocei com minha
cover (não vou explicar isso, mas nunca tinha acontecido de almoçarmos juntas).
E acabamos falando sobre relacionamentos, mesmo sem eu ter falado que praticamente
desisti do meu.
Ela é ótima! Em resumo... embora
ela tenha morado junto com outra pessoa por 5 anos e tenha classificado como um
fracasso essa relação, noto que ela tem bem mais jogo de cintura para
relacionamentos que eu (embora eu não considere minha outra relação como um
fracasso – tínhamos um bom convívio).
Ela me aconselhou a fazer coisas
do jeito que de fato meu marido iria gostar (pedir tudo com beijinhos, etc.), e
que a mulher é que sempre cede mesmo (ou seja, ela topa ceder). Mesmo quanto à
faculdade que larguei (larguei porque não consigo mais estudar aos finais de
semana em razão de tantos afazeres domésticos – mas largar a faculdade é o que
mais está me dilacerando – era um sonho pra mim), ela me disse que se eu o amo,
de repente vale a pena parar de estudar para atender nossa relação...
E que no fundo nunca é 50% - 50%,
que sempre a mulher se doa mais se quiser que a relacao funcione.
Bom...
Estou perplexa...
Ainda...
E ainda...
...
...
Sinceramente não sei o que
fazer... Na melhor das hipóteses devo apresentar os dois – num primeiro momento
ele será mais feliz com ela do que comigo.
E eu serei mais feliz sozinha...
Puxa... que triste conclusão. Vou explicar melhor... Antes de tudo, não consigo
aceitar que eu tenha de parar minha vida por conta de uma relação. Eu só estava
fazendo 2 disciplinas de meu curso a noite... Não estou abusando... E depois,
tenho dado conta da casa... E achava que já que meu marido gosta de casa grande
(eu não queria), ele poderia me ajudar um pouco – somos um casal, certo? As
coisas têm que ser divididas, afinal, não divido as contas com ele? Então o
serviço também. Mesmo que eu faça mais serviço que ele, o que não concordo é eu
ter de fazer mais de 90%. Nós dois comemos, então em vez de no sábado eu ir num
lugar para comprar produtos naturais, noutro para o leite, noutro para
congelados e frios, noutro para legumes, às vezes na lavanderia (e tudo com
pacote e sem carro), achei que poderíamos dividir as tarefas. Quem sabe se
dividíssemos eu teria tempo de ir ao salão...
Mas achei tudo errado...
As lições que aprendi com ela:
1)
Jamais falar, eles não entendem. Eles têm
um filtro que consideram tudo o que uma mulher vai falar como uma reclamação. E
detestam reclamação (engraçado... eu também...).
2)
A parte do fingir... essa serve para quase
tudo: finja que está bom, sorria sempre, peça tudo com muito jeitinho... mesmo
que seja pela centésima vez... Esconda sua insatisfação. Finja que está tudo
bem se for preciso. Eu disse que estou tão chateada e cansada com tudo que não
consigo fingir mais nada de bom. Ela respondeu: “pare de trabalhar demais e
guarde energia para fingir que está bem. É importante mostrar que está bem.
Arrume energia pra isso. E volte a se arrumar, largue a roupa suja no cesto mas
vá ao salão todo sábado” (é que estou um lixo há um mês).
3)
Jamais estoure. Seja de ferro, mulher. Ou
melhor, de açúcar - eles adoram que nós nos derretamos feito calda de açúcar
(eu cheguei a dizer a ela que de tudo que ouvi dela a parte mais difícil
foi essa história de se derreter). Nunca estoure, se precisar de algo que não
está acontecendo na relação, faça draminha, chameguinho, derreta-se feito
açúcar, mas nunca estoure. “Meu amor, estou tão cansada... você poderia me
ajudar com esta louça?” Mesmo sabendo que o preguiçoso folgado é que deveria
fazer. Se ele reclamar que tem coisa fora de lugar, diga toda derretida: “meu
amor, hoje estou tão cansada, mas prometo que amanhã vou dar um jeito em tudo
isso”. NOTA: essa parte de falar com carinho e gentileza (sem ser chameguenta)
juro que fazia no início de minha relação com meu marido, e nem era fingimento
porque sou boazinha, mas vocês não imaginam o quao grosso e egoísta o cara era.
Voces não imaginam... Gente... eu não consigo mais ser toda derretida assim... Já
estou de saco cheio. Na verdade acho que não curto essa história de
derretimento, não almejo ser assim... Nossa... nunca vou conseguir me derreter,
inclusive detesto gente chameguenta... Por que será? Mas calma... deve haver um
jeito de eu exercer o que ela está falando mas sem virar calda de açúcar.
Talvez eu precise mudar um pouco. Vou tentar... Deixa eu pensar um pouco em
como vou fazer isso... Em compensação, digo que já me senti mais feminina...
tive um namorado 10 anos mais velho que eu e era impressionante como ele
assumia o papel de homem na relação. Quando ele fazia isso, automaticamente eu
ficava no papel feminino – eu não tinha de brigar, o cara se adiantava e levava
o que era pesado, o lixo, perguntava o que precisava comprar, pedia pra eu
fazer a lista... Já se adiantava, era algo impressionante, notava o excesso de
trabalho e já aconselhava uma solução, como a contratação de alguém para ajudar...
Mas o cara era bem mais experiente... Também estou me lembrando de um namorado
bem mais novo que tive que ajudava em tudo – um dia chegou fora de hora em casa
e eu estava arrumando e limpando todas as prateleiras da cozinha: ele começou a
me ajudar, sem eu pedir. Sempre foi prestativo e atencioso. Eu era bem mais
calma ao lado deles... Bom, só estou tentando dizer que as pessoas com as quais
convivemos geram na gente padrões diferentes de comportamento. Meu pai sempre
reclamava de um irmão meu que nunca ajudava em nada. Com o passar do tempo,
ninguém mais em casa o procurava, ele virou um zero à esquerda para todos nós,
quase um peso em situações por exemplo de mudança ou viagem. Estávamos todos
cansamos de brigar com ele para ele ajudar até que o deixamos pra lá. Devia ser
bom pra ele – que ficou isolado e folgado. De forma velada, todos torciam o
nariz para ele – afinal todos nos sentíamos abusados em nome da folga dele. E
ninguém mais de nós tinha vontade de ajudá-lo nas causas dele... Não havia
troca. Até o dia que ele começou a mudar e ajudar. Então nós mudamos também com
ele. E passamos a ter um relacionamento de verdade, passamos a vê-lo como
alguém que sabe se doar.
4)
“Os homens não ajudam porque não são
capazes de notar o que têm de ser feitos. Eles até querem ajudar, mas não são
capazes... é uma incompetência deles”. Isso é verdade... tem até a história do
corpo caloso do cérebro... Mas os exemplos acima mostram que é possível mudar.
Eu acho que as mães erram muito... Criam os filhos para serem servidos pelas
suas esposas... Eu gosto de servir meu marido... mas trabalhar o dia inteiro é
outra coisa. Quando meu irmão ficou noivo (esse que não gostava de ajudar, o
zero à esquerda em serviços domésticos), minha mãe (no fundo a maior
responsável por ele ser folgado) chegou pra ele e disse que nenhuma mulher iria
aguentar um homem folgado e bagunceiro. E começou a ensiná-lo a lavar louça,
guardar as roupas, arrumar a cama, etc. Minha mãe sabe o que passou com meu
pai: neste ponto era idêntico a meu marido: não ajudava em nada, serviço
doméstico era serviço de mulher.
5)
A MAIS DIFÍCIL DE ACEITAR: numa relação a
mulher sempre entra com muito mais que os 50% que lhe são cabidos para dar uma vida boa
ao homem (carinho, roupa lavada, comida na mesa) enquanto ele vai se acomodar.
É assim mesmo. E é assim que se segura uma relação (isso tambem concordo que é
assim que se segura). E que desistir de uma faculdade por um relacionamento é a
coisa certa a fazer (esta parte não dá para concordar). E de quebra devo
arrumar um psicólogo ou fazer trabalhos manuais para dar conta da profunda
insatisfação que vou sentir por ter de desistir de meus sonhos. Mas nunca
demonstrar minha insatisfação aos homens. Reclamar só estraga tudo. Legal...
Pelo menos estou entendendo o quanto me distancio do que as mulheres têm que
fazer para manter suas relações.
...
...
...
Estou pensando em fazer terapia para tentar mudar de personalidade só
para ficar com meu marido...
6)
(extensão da 5) Se quiser sexo bom, depende
muito mais da mulher.
...
Acho apenas que minha cover se esqueceu de
contabilizar uma coisa: O que eu ganharia com o fim dessa relação? Moraria num apartamento
lindo e maravilhoso, poderia ficar um ano fora do pais estudando, poderia
cursar e terminar minha outra faculdade, poderia visitar minha família com mais
freqüência, ir ao salão e fazer tratamentos estéticos, viajar mais e passear
mais. Parece que ganho bastante. O que perderia: sentiria solidão e ficaria
procurando outro homem (afinal é o que fazemos não?) que poderia ter os mesmos
defeitos (ou pioreis) que os do meu marido. Fora que é difícil amar alguém. E
eu amo meu marido, disso eu sei. Adoro aquela peste. É... tenho que pensar...
Conselhos
à parte que a minha amiga me deu... Sobre sair sábado à noite... Eu expliquei
que sábado à noite é o dia do ápice de meu cansaço. Já meu marido dorme e
estuda o sábado todo então à noite, com sensação de missão cumprida (porque ele
estudou o dia todo) e com muita disposição, ele quer sair para a casa de
amigos. Ela entendeu meu lado... E me perguntou se eu tenho mesmo de ir... “não
vá”, ela disse. “E avise-o que você não vai mais sair ou receber pessoas aos
sábados à noite. Mas não brigue. Explique que aos sábados você se sente muito
cansada e não vá de jeito nenhum porque é seu momento de descanso, o único que
você tem na semana inteira. Quem sabe ele vá se tocar que se ele te ajudar um
pouco você irá então estar mais descansada e poderá sair com ele. Mas não brigue,
não reclame, não dê indiretas sobre ele te ajudar... apenas chega de se
sacrificar por ele, coloque limites” (olha... essa achei de gênio. Ponto máximo
para minha cover!!!).
Preciso
pensar muito mesmo.
Sabe o que está diferente desta vez que
brigamos? A dor do rompimento (que já estou sentindo) não parece maior do que a
do que sinto para ficar com ele. Está sendo muito difícil manter essa relação
estando tão chateada, magoada, cansada, sozinha, abrindo mão de tudo.
De qualquer forma, vou ver o
apartamento daqui a pouco.
Olha ,ninguem pode ser tao ruim assom, até o Fernandinho Beira-mar tem seu lado bom, mas nao cheguemos a tanto, Acho que vcs dois estao cansados, e ele nao quer abrir isto para vc, meu snetimento de homem ...diz isto.
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