segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Almoço com uma amiga e conselhos


Estranhamente, almocei com minha cover (não vou explicar isso, mas nunca tinha acontecido de almoçarmos juntas). E acabamos falando sobre relacionamentos, mesmo sem eu ter falado que praticamente desisti do meu.
Ela é ótima! Em resumo... embora ela tenha morado junto com outra pessoa por 5 anos e tenha classificado como um fracasso essa relação, noto que ela tem bem mais jogo de cintura para relacionamentos que eu (embora eu não considere minha outra relação como um fracasso – tínhamos um bom convívio).
Ela me aconselhou a fazer coisas do jeito que de fato meu marido iria gostar (pedir tudo com beijinhos, etc.), e que a mulher é que sempre cede mesmo (ou seja, ela topa ceder). Mesmo quanto à faculdade que larguei (larguei porque não consigo mais estudar aos finais de semana em razão de tantos afazeres domésticos – mas largar a faculdade é o que mais está me dilacerando – era um sonho pra mim), ela me disse que se eu o amo, de repente vale a pena parar de estudar para atender nossa relação...
E que no fundo nunca é 50% - 50%, que sempre a mulher se doa mais se quiser que a relacao funcione. 
Bom...
Estou perplexa...
Ainda...
E ainda...
...
...
Sinceramente não sei o que fazer... Na melhor das hipóteses devo apresentar os dois – num primeiro momento ele será mais feliz com ela do que comigo.
E eu serei mais feliz sozinha... Puxa... que triste conclusão. Vou explicar melhor... Antes de tudo, não consigo aceitar que eu tenha de parar minha vida por conta de uma relação. Eu só estava fazendo 2 disciplinas de meu curso a noite... Não estou abusando... E depois, tenho dado conta da casa... E achava que já que meu marido gosta de casa grande (eu não queria), ele poderia me ajudar um pouco – somos um casal, certo? As coisas têm que ser divididas, afinal, não divido as contas com ele? Então o serviço também. Mesmo que eu faça mais serviço que ele, o que não concordo é eu ter de fazer mais de 90%. Nós dois comemos, então em vez de no sábado eu ir num lugar para comprar produtos naturais, noutro para o leite, noutro para congelados e frios, noutro para legumes, às vezes na lavanderia (e tudo com pacote e sem carro), achei que poderíamos dividir as tarefas. Quem sabe se dividíssemos eu teria tempo de ir ao salão...
Mas achei tudo errado...
As lições que aprendi com ela:
1)    Jamais falar, eles não entendem. Eles têm um filtro que consideram tudo o que uma mulher vai falar como uma reclamação. E detestam reclamação (engraçado... eu também...).
2)    A parte do fingir... essa serve para quase tudo: finja que está bom, sorria sempre, peça tudo com muito jeitinho... mesmo que seja pela centésima vez... Esconda sua insatisfação. Finja que está tudo bem se for preciso. Eu disse que estou tão chateada e cansada com tudo que não consigo fingir mais nada de bom. Ela respondeu: “pare de trabalhar demais e guarde energia para fingir que está bem. É importante mostrar que está bem. Arrume energia pra isso. E volte a se arrumar, largue a roupa suja no cesto mas vá ao salão todo sábado” (é que estou um lixo há um mês).
3)    Jamais estoure. Seja de ferro, mulher. Ou melhor, de açúcar - eles adoram que nós nos derretamos feito calda de açúcar (eu cheguei a dizer a ela que de tudo que ouvi dela a parte mais difícil foi essa história de se derreter). Nunca estoure, se precisar de algo que não está acontecendo na relação, faça draminha, chameguinho, derreta-se feito açúcar, mas nunca estoure. “Meu amor, estou tão cansada... você poderia me ajudar com esta louça?” Mesmo sabendo que o preguiçoso folgado é que deveria fazer. Se ele reclamar que tem coisa fora de lugar, diga toda derretida: “meu amor, hoje estou tão cansada, mas prometo que amanhã vou dar um jeito em tudo isso”. NOTA: essa parte de falar com carinho e gentileza (sem ser chameguenta) juro que fazia no início de minha relação com meu marido, e nem era fingimento porque sou boazinha, mas vocês não imaginam o quao grosso e egoísta o cara era. Voces não imaginam... Gente... eu não consigo mais ser toda derretida assim... Já estou de saco cheio. Na verdade acho que não curto essa história de derretimento, não almejo ser assim... Nossa... nunca vou conseguir me derreter, inclusive detesto gente chameguenta... Por que será? Mas calma... deve haver um jeito de eu exercer o que ela está falando mas sem virar calda de açúcar. Talvez eu precise mudar um pouco. Vou tentar... Deixa eu pensar um pouco em como vou fazer isso... Em compensação, digo que já me senti mais feminina... tive um namorado 10 anos mais velho que eu e era impressionante como ele assumia o papel de homem na relação. Quando ele fazia isso, automaticamente eu ficava no papel feminino – eu não tinha de brigar, o cara se adiantava e levava o que era pesado, o lixo, perguntava o que precisava comprar, pedia pra eu fazer a lista... Já se adiantava, era algo impressionante, notava o excesso de trabalho e já aconselhava uma solução, como a contratação de alguém para ajudar... Mas o cara era bem mais experiente... Também estou me lembrando de um namorado bem mais novo que tive que ajudava em tudo – um dia chegou fora de hora em casa e eu estava arrumando e limpando todas as prateleiras da cozinha: ele começou a me ajudar, sem eu pedir. Sempre foi prestativo e atencioso. Eu era bem mais calma ao lado deles... Bom, só estou tentando dizer que as pessoas com as quais convivemos geram na gente padrões diferentes de comportamento. Meu pai sempre reclamava de um irmão meu que nunca ajudava em nada. Com o passar do tempo, ninguém mais em casa o procurava, ele virou um zero à esquerda para todos nós, quase um peso em situações por exemplo de mudança ou viagem. Estávamos todos cansamos de brigar com ele para ele ajudar até que o deixamos pra lá. Devia ser bom pra ele – que ficou isolado e folgado. De forma velada, todos torciam o nariz para ele – afinal todos nos sentíamos abusados em nome da folga dele. E ninguém mais de nós tinha vontade de ajudá-lo nas causas dele... Não havia troca. Até o dia que ele começou a mudar e ajudar. Então nós mudamos também com ele. E passamos a ter um relacionamento de verdade, passamos a vê-lo como alguém que sabe se doar.
4)    “Os homens não ajudam porque não são capazes de notar o que têm de ser feitos. Eles até querem ajudar, mas não são capazes... é uma incompetência deles”. Isso é verdade... tem até a história do corpo caloso do cérebro... Mas os exemplos acima mostram que é possível mudar. Eu acho que as mães erram muito... Criam os filhos para serem servidos pelas suas esposas... Eu gosto de servir meu marido... mas trabalhar o dia inteiro é outra coisa. Quando meu irmão ficou noivo (esse que não gostava de ajudar, o zero à esquerda em serviços domésticos), minha mãe (no fundo a maior responsável por ele ser folgado) chegou pra ele e disse que nenhuma mulher iria aguentar um homem folgado e bagunceiro. E começou a ensiná-lo a lavar louça, guardar as roupas, arrumar a cama, etc. Minha mãe sabe o que passou com meu pai: neste ponto era idêntico a meu marido: não ajudava em nada, serviço doméstico era serviço de mulher.
5)    A MAIS DIFÍCIL DE ACEITAR: numa relação a mulher sempre entra com muito mais que os 50% que lhe são cabidos para dar uma vida boa ao homem (carinho, roupa lavada, comida na mesa) enquanto ele vai se acomodar. É assim mesmo. E é assim que se segura uma relação (isso tambem concordo que é assim que se segura). E que desistir de uma faculdade por um relacionamento é a coisa certa a fazer (esta parte não dá para concordar). E de quebra devo arrumar um psicólogo ou fazer trabalhos manuais para dar conta da profunda insatisfação que vou sentir por ter de desistir de meus sonhos. Mas nunca demonstrar minha insatisfação aos homens. Reclamar só estraga tudo. Legal... Pelo menos estou entendendo o quanto me distancio do que as mulheres têm que fazer para manter suas relações.
...
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Estou pensando em fazer terapia para tentar mudar de personalidade só para ficar com meu marido...
6)    (extensão da 5) Se quiser sexo bom, depende muito mais da mulher.
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           Acho apenas que minha cover se esqueceu de contabilizar uma coisa: O que eu ganharia com o fim dessa relação? Moraria num apartamento lindo e maravilhoso, poderia ficar um ano fora do pais estudando, poderia cursar e terminar minha outra faculdade, poderia visitar minha família com mais freqüência, ir ao salão e fazer tratamentos estéticos, viajar mais e passear mais. Parece que ganho bastante. O que perderia: sentiria solidão e ficaria procurando outro homem (afinal é o que fazemos não?) que poderia ter os mesmos defeitos (ou pioreis) que os do meu marido. Fora que é difícil amar alguém. E eu amo meu marido, disso eu sei. Adoro aquela peste. É... tenho que pensar...


            Conselhos à parte que a minha amiga me deu... Sobre sair sábado à noite... Eu expliquei que sábado à noite é o dia do ápice de meu cansaço. Já meu marido dorme e estuda o sábado todo então à noite, com sensação de missão cumprida (porque ele estudou o dia todo) e com muita disposição, ele quer sair para a casa de amigos. Ela entendeu meu lado... E me perguntou se eu tenho mesmo de ir... “não vá”, ela disse. “E avise-o que você não vai mais sair ou receber pessoas aos sábados à noite. Mas não brigue. Explique que aos sábados você se sente muito cansada e não vá de jeito nenhum porque é seu momento de descanso, o único que você tem na semana inteira. Quem sabe ele vá se tocar que se ele te ajudar um pouco você irá então estar mais descansada e poderá sair com ele. Mas não brigue, não reclame, não dê indiretas sobre ele te ajudar... apenas chega de se sacrificar por ele, coloque limites” (olha... essa achei de gênio. Ponto máximo para minha cover!!!).

            Preciso pensar muito mesmo.
            Sabe o que está diferente desta vez que brigamos? A dor do rompimento (que já estou sentindo) não parece maior do que a do que sinto para ficar com ele. Está sendo muito difícil manter essa relação estando tão chateada, magoada, cansada, sozinha, abrindo mão de tudo.
            De qualquer forma, vou ver o apartamento daqui a pouco. 

Um comentário:

  1. Olha ,ninguem pode ser tao ruim assom, até o Fernandinho Beira-mar tem seu lado bom, mas nao cheguemos a tanto, Acho que vcs dois estao cansados, e ele nao quer abrir isto para vc, meu snetimento de homem ...diz isto.

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