terça-feira, 9 de agosto de 2011


Abri o blog porque preciso escrever sobre minha vida em vez de reclamar por aí. Preciso desabafar, mas prefiro que seja com palavras silenciosas. E sem obrigar ninguém a me ouvir.  
Nasci com todas as virtudes e forças universais a meu favor: pai e mãe inteligentes, recebi boa educação, estudei um instrumento musical, falo um idioma, fui boa aluna – o que devo em parte ao exemplo de meus pais e parte a minha força de vontade.
Morei fora dos 18 aos 23 anos, e depois, dos 26 até hoje.
Enquanto morei fora, enfrentei as dificuldades de uma vida solitária e de solidão sem reclamar – aliás, sem sequer comentar sobre ela – achava que estava lutando para melhorar e enquanto acreditei nisso não foi tão difícil viver a tal vida árida.
Pulando os detalhes... não sei o que fiz de minha vida... pois hoje, aos 36 anos, sinto-me prisioneira de minhas escolhas e das imposições do destino, coisas que não consegui mudar por mais que eu quisesse... ou coisas que não pude mudar como a morte repentina de meu pai no início do ano. Sou casada há 1 ano e meio com um homem de caráter. Porem na maior parte das vezes, com exceção dos últimos 10 dias, poderia defini-lo com uma palavra: grosso. Atualmente ganho bem para um brasileiro (e eu sou agradecida! pois conheci a carência material) porém a visão de um prisioneiro é sempre a mesma: as grades. Monocromáticas e verticais.
Verticais...
...
Ganhar melhor não me livrou delas; na verdade acho que diminuiu o tamanho da cela.
Tenho bastantes afazeres, trabalho, manias para dar conta durante o dia... Ainda assim às vezes tento recostar em algum canto, fechar os olhos e construir uma outra realidade, usando neurolingüística, telas mentais, gasparotos, etc... Sou pisciana, fantasiar deveria ser fácil para mim!
Mas as grades...
Verticais...
Impiedosas grades...
Rasgam, furam meus sentimentos – e pintam de sangue minhas telas mentais.
Quando então de novo só me resta lutar para sobreviver.
Sou daquelas que agradece quando consegue chorar – pelo alívio que as lágrimas trazem.

Minha espiritualidade é grande, acredito em outras vidas, reencarnação...
Aceito meu carma, e seria útil se eu soubesse meu propósito. Mas não sei.

Sou uma boa pessoa, sei que sou. Tenho amigos que de fato gostam de mim, e eu deles, sou honesta – tanto como mulher como cidadã, tenho nome limpo. Tudo isso é verdade.
Mas... em alguma coisa estou errando feio, porque não sou feliz faz tempo, e desistir de ser não fez melhorar nem me resignou.
Sou uma infeliz sem causa?
Achei que pudesse encontrar outros como eu, por isso abri o blog! Quem sabe eu poderia encontrar conselhos de quem foi capaz de sair das grades!
Identifico alguns motivos para minhas agruras:

1)     Saudade da “pátria”.
2)     Desequilíbrio entre afazeres e diversão: excesso de trabalho e nenhum lazer (como 99,9% dos brasileiros kkkkkkk!!)
3)     Alguns problemas de relacionamento com o cônjuge (como 99,9% dos brasileiros casados). Meu marido é um cavalo, daqueles que dão coice até mesmo quando recebem carinho (mas mudou tem 10 dias, pedi tanto... será que funcionou?...). E o meu problema é que fui independente em boa parte da minha vida, mas estou casada e tenho que entender isso. Agora por exemplo tenho muito mais afazeres de casa, gasto meus sábados e domingos envolvida em compras, limpeza, arrumações, fazendo comida... Antes eu era bem mais livre para decidir o que fazer.
4)     Instabilidade no emprego (como 99,9% dos brasileiros na fase adulta)
5)     Saudade de meu pai (uma das melhores pessoas que conheci), e arrependimento: convivi pouco com ele porque eu queria ser independente financeiramente. Louvável, mas na prática foi uma das decisões que mais me deixou conseqüências. Eu poderia ter almejado uma vida mais simples e menos distante dele e de minha família (que são minha mãe e meus dois irmãos um pouco mais novos).
Paguei e pago um preço enorme para ser alguém. A tristeza que sinto por isso é a maior realidade de tudo o que escrevi aqui. Porém gosto do que faço... Será que eu estaria mais infeliz que agora se tivesse investido na vida mais simples? Nunca vou saber... Depois dizem que é fácil viver.  

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